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Tradução colonizadora

O conceito de belle infidèle, dentro do universo da tradução, centra-se naquela máxima de que “se uma tradução é bonita, não é fiel, e se é fiel, não é bonita”.

Tal dilema, que persegue o tradutor desde tempos imemoriais, coloca-o numa berlinda: como conciliar as duas coisas, estética e fidelidade, sem cair nas armadilhas de uma tradução que corre o risco de ser considerada colonizadora, etnocêntrica?

Uma tradução é tida como colonizadora, etnocêntrica,

hostil e anti-hospitaleira sempre que estiver submetendo a

língua de partida “à lei da casa, do anfitrião”, segundo

colocação de Márcio Seligmann-Silva. Nesse sentido, o

tradutor pode considerar que alguns aspectos da língua de

partida se mostram incongruentes e incompatíveis para o

padrão da língua de chegada, e o tradutor considera seu

dever moral fazer algo para refiná-los.

As línguas são muito complexas e diferem umas das

outras não apenas no vocabulário, mas, também, na gramática e na construção das frases. Assim, fazer tradução é mais do que apenas encontrar palavras equivalentes em outra língua para o texto original. Uma palavra em certa língua raras vezes tem exatamente o mesmo significado do seu equivalente, se é que existe tal coisa, em outra língua. Com frequência, o tradutor tem de escolher entre diversas palavras similares, considerando o assunto, o contexto, o estilo e muitos outros fatores. Fazer a escolha certa pode ser penoso. Por outro lado, também, o emprego ou a conotação de uma palavra não podem ser ignorados. Falando-se em termos do que é ideal, uma tradução deve ser tão fiel ao original quanto possível. Na prática, contudo, há muita divergência de opinião quanto ao que é considerado fiel. Alguns sustentam que uma tradução fiel deve conservar a forma do original, seu estilo particular, a escolha de palavras e expressões, a linguagem figurada, a construção gramatical, e assim por diante. Porém, dadas as diferenças de língua, isto é mais fácil de dizer do que de fazer. Veja, por exemplo, a expressão inglesa “precious as an apple of one’s eyes” (“preciosa como a maçã dos olhos”). Pode imaginar o problema que isso cria para o tradutor que lida com uma língua e uma cultura onde não existem maçãs? Mesmo que exista a palavra maçã, a expressão podem ser completamente sem significado e até estranha para o leitor. Por outro lado, podemos encontrar uma expressão equivalente em outras línguas. Em português, por exemplo, é “preciosa como a menina dos olhos”. Mas é a prerrogativa do tradutor fazer tais mudanças, visando dar a ideia correspondente ao leitor? Problemas como este levam alguns a argumentar que o conteúdo da mensagem é mais importante do que a forma, e, a fim de preservar o conteúdo e criar a mesma impressão e reação no leitor, a forma deve ser mudada. Portanto, a que o tradutor deve ser fiel: à forma ou ao conteúdo? Este é o eterno dilema com que se depara

cada tradutor.

Texto baseado no Glossário de Termos de Edição e Tradução, organizado por Sônia Queiroz; pg. 44-45.

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Tradução

Category: Languages

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  • adrielekucinskas
  • (San Paulo, Brazil)

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